Balas, garfo e liberdade II
Embora ouvisse, Joana se lixava para as lamúrias de Marisa. Já havia decorado os resmungos, sempre a mesma aporrinhação. Mas, afinal, Marisa nunca negava um favor. É seu único dia de descanso - dissimulava Joana. Ora, deixe de ser boba. Vá tranqüila. Sério? Sério. Trouxe uns cd's pra passar o tempo. Não se preocupe comigo menina, hoje é dia de pouco movimento. Além disso, daqui a pouquinho a Ana chega.
Discreta, comedida, reservada. Ana era assim, uma leide. Muito mais ela. Só trabalhava à tarde. Nas horas vagas, alimentava antipatia súbita por Joana. Para Marisa, somente comentários sobre música. Dividiam o mesmo gosto. Trocavam discos e poucas palavras. A Ana parece quem tem algum segredo, não é não Marisa? Esse negócio de gaguejar só de vez em quando. E quer saber, pra mim, ela dá emn cima do seu Agenor. Quê isso menina! Olha Joana, essas suas especulações em torno da pobre da Ana...Ó o cliente ali esperando. Vamos trabalhar que a gente ganha mais.
De certa forma, Ana gostava do princípio de agonia que despertava em Joana, aquela moleca. Sentia prazer na agonia dos olhos na outra, que faltava cada vez mais ao trabalho.
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