umidade relativa
pelos teus céus, brasília, neste final de tarde,
planto meus pés no chão de barro vermelho,
uma terra agora úmida, outrora seca,
quase da cor deste teu fim de tarde alaranjado
que incendeia minhas lembranças longínquas
e desmaia meus olhos mansamente pela
silhueta verde-mato da tua vizinhança desordenada.
oferendo a ti, cidade voadora, estas asas
que me brotam nas costas, meu coração
intocado de infância e quem do meu ventre sairá.
navego ao querer dos teus ventos, desenhando o futuro
pelos raios de sol que mergulham desde a encosta
azulada dos teus palácios de mentiras e busco teu quinhão real
mergulhada nas profundezas cinza-chumbo do lago paranoá.
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