5.9.10

pequenas mudanças


há traços em mim que não mudam nunca. minhas importâncias, meu punhado de dúvidas, minha caderneta de fé e minha lata de surpresas reservam valores adquiridos ainda na infância.

sei que algumas
vezes beiro a intransigência ao defender certas convicções. mas, ao mesmo tempo, me divirto quando percebo que mudei de opinião.

uma coisa que considero um pouco curiosa ocorre de uns dois anos para cá: sem acordo prévio comigo mesma, comecei a gostar de água gelada, me apaixonei por pimentas e o mais incrível: passei a usar batom de vez em quando. antes dessa minha nova moda, sempre preferi água na temperatura ambiente, evitei toda sorte de condimentos ardidos e fui adepta convicta da manteiga de cacau.

mas mudei. gostaria de identificar o momento exato em que meu antigo jeito de ser virou a casaca, mas a verdade é que não compreendo como estas variações acontecem. quando reparo uma destas mudanças em mim, acho engraçado.

algumas vezes fico tentando adivinhar que outras coisas hei de gostar. que hábitos deixarei para trás. será que um dia serei mais sóbria nas cores de me vestir? e se eu parasse de gostar de plantas? e se eu deixasse o cabelo crescer? bem que eu podia me tornar uma pessoa disciplinada, atenta aos prazos, cifras e regras...

enfim, são apenas bobices. mas me parece que são estas pequenas mutações que tornam a vida da gente uma descoberta mais interessante.

1 comentario:

Lua Nova dijo...

Acho que essas mudanças de paladar tem a ver com nossos sentimentos e vêm com o passar do tempo, conforme eles vão amadurecendo e se tornando mais conscientes, aceitos e assumidos por nós mesmas. Tudo no corpo amadurece e creio que na alma também. É como se nos permitíssimos gostar dos contrastes e das coisas passíveis de serem questionadas por outros porque já nos "bancamos" do jeito que somos, e não precisamos mais da meia-luz para estarmos seguras. O que será que vc "superou" e que te permite agora usar o batom?
Ah, sei lá, to divagando... mas às vezes me pergunto essas coisas também.
Pra não variar, adorei o texto.
Beijokas.