13.2.11

missão evolucionária

é uma questão de natureza feminina: as mulheres são mais emocionais do que os homens e pronto! somos graciosas, delicadas, choronas. os meninos, por sua vez, são mais racionais: não devem admitir fraquezas e tampouco é permitido que expressem seus sentimentos.

que atire a primeira pedra quem nunca ouviu ou reproduziu este tipo de comentário por aí. o modelo de como as mulheres e os homens devem se comportar é tratado com tanta naturalidade que nos parece uma verdade universal incontestável. ou seja: é óbvio que os meninos já nascem gostando de azul enquanto nós, mais meigas e amenas, preferimos cor-de-rosa.

na infância, eles saem para brincar na rua. já as meninas devem se contentar com o pátio de casa. se tropeçamos e caímos, logo alguém nos acode com ternura e um bocado de mimo. em contrapartida, quando são eles que se machucam, o que ouvem é uma represália acompanhada de uma frase ilustre e que possivelmente lhes custará caro por toda a vida: homem não chora.

refletir sobre este padrão hegemônico de masculinidade é um dos objetivos da red iberoamericana de masculinidades, que busca também propor alternativas para mudar o conjunto de ideias, crenças e representações socioculturais que pretendem definir o que um homem deve ser e como deve se portar.

aqui em cuba tive contato com o coordenador geral dessa rede, o historiador julio cézar gonzález pagés, que tem nos brindado com aulas e conversas superinteressantes acerca deste tema durante o curso de comunicação e gênero.

tratam-se de assuntos que não estamos acostumados a questionar mas que afetam, e muito, as nossas relações interpessoais. são regrinhas sociais que muitas vezes acabam oprimindo o que temos de mais genuíno em cada indivíduo e que se transformam num entrave para o nosso desenvolvimento humano.

despachadas até certo ponto
posso estar absolutamente errada mas, baseada na minha experiência pessoal, tenho a impressão de que nós, mulheres, estamos mais acostumadas a questionar as imposições sociais a que somos submetidas. bueno, esta aí o movimento feminista que obteve tantas conquistas e não me deixa mentir.

claro, temos um montão no que avançar, mas estamos inegavelmente mais independentes do que foram nossas avós.
paradoxalmente, reparo que ao mesmo tempo em que lutamos pela nossa autonomia, ainda esperamos que os homens cumpram com suas "funções".

despachadas que somos, até topamos rachar a conta, mas no fundo ainda esperamos que os verdadeiros mantenedores econômicos da casa sejam eles. de alguma maneira, exigimos que sejam nossos provedores de segurança, que estejam sempre dispostos ao sexo e que nos tratem como as princesas que fomos educadas para ser.

enfim, ainda falta muito tijolo e cimento na construção de uma nova visão de feminilidades e masculinidades
. e para mim parece cada vez mais improvável que homens e mulheres consigam fazer isso separadamente. e não estou falando de feitos grandiosos com impactos globais e sim de pequenas revisões nas nossas atitudes mais ordinárias.

talvez o que nos falte seja firmar um verdadeiro pacto entre os gêneros - um mutirão cotidiano de machos e fêmeas comprometid@s com a evolução da humanidade.



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