meio documantário, meio ficção, a película conta a história de uma geólogo que 'mergulha' por cerca 60 dias no sertão nordestino com o objetivo de mapear uma região que receberá a transposição de um rio e, principalmente, para fugir da beira do abismo, para fugir da dor que acarreta o fim de um grande amor.
a fuga, no entanto, cede lugar a um processo de profundo autoconhecimento, no qual o protagonista (que não aparece em nenhuma cena sequer) vai aprendendo a lidar com seus sentimentos - por mais contraditórios que eles pareçam.
loucura, saudade, medo, ódio, paixão - a gente passa a vida etiquetando o que sente. buscamos compreender, guardar cada sentimento no local mais apropriado, represar, ter controle. mas, no fundo, nenhuma dessas estratégias adianta muito...
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à noite, antes de dormir, no escuro do quarto, em franco diálogo consigo mesmo, a gente bem sabe que as comportas do peito se abrem e já não é mais possível distinguir cada uma das milhares de sensações que nos inundam quando experimentamos um grande amor.
bueno, o fato é que a maneira como o protagonista narra suas experiências faz com que o espectador também viaje pelas suas vivências. mais do que isso, ele vai entrevistando gente pelo caminho. gente que vive nos rincões do brasil, gente que trabalha duro o dia inteiro, que também busca viver um grande amor, que já sofreu o pão que o diabo amassou e que sonha com coisas muito simples, como "uma vida-lazer" - conceito apresentado por uma das entrevistadas.
prostituta de profissão, a mulher diz que vai levando a vida assim enquanto não aparece nada melhor. no entanto, a mulher deixa claro que bom mesmo seria levar esta tal "vida-lazer" - algo como ter um companheiro com quem partilhar os dias, chegar em casa e encontrar-se com ele, amar, ver novela e sair aos domingos para passear com ele e os filhos.
a trilha sonora é feita do que costumo chamar de "a fina flor da dor de cotovelo". um brega profundamente poético que vai se misturando com a incrível composição de imagens que vigora o tempo inteiro.
filmado nos anos de 1999 e 2009, o longa é, também, um acervo histórico do sertão nordestino brasileiro neste período. dirigido por karim aïnouz (de madame satã e o céu de suely), e marcelo gomes (cinema, aspirinas e urubus), "viajo porque preciso, volto porque te amo" aperta, abre e espreme o coração da gente.
prostituta de profissão, a mulher diz que vai levando a vida assim enquanto não aparece nada melhor. no entanto, a mulher deixa claro que bom mesmo seria levar esta tal "vida-lazer" - algo como ter um companheiro com quem partilhar os dias, chegar em casa e encontrar-se com ele, amar, ver novela e sair aos domingos para passear com ele e os filhos.
a trilha sonora é feita do que costumo chamar de "a fina flor da dor de cotovelo". um brega profundamente poético que vai se misturando com a incrível composição de imagens que vigora o tempo inteiro.
filmado nos anos de 1999 e 2009, o longa é, também, um acervo histórico do sertão nordestino brasileiro neste período. dirigido por karim aïnouz (de madame satã e o céu de suely), e marcelo gomes (cinema, aspirinas e urubus), "viajo porque preciso, volto porque te amo" aperta, abre e espreme o coração da gente.
4 comentarios:
A resenha conseguiu levantar mais um véu de sobre o já sugestivo lirismo do título, temperando a curiosidade. Vou assistir logo que possível!
Aproveito para deixar o link de uma resenha que fiz em 2009 sobre "A Festa da Menina Morta". Também me deu o que pensar...
http://paraeuparardemedoer.blogspot.com/2009/07/festa-da-menina-morta.html
Abraços da
- Roberta Mendes
quero muito assistir. já vivi isso uma vez, mas em outras paragens, por um ano de mochila nas costas... às vezes sinto (temo?) que isso vai se repetir, em breve.
Olá!
Li sua resenha sobre o filme e desde então tento encontrá-lo para assistir. Me apaixonei de tal forma pelo seu texto, pelo vídeo, por outros textos tenho lido que decidi fazer sobre ele o meu trabalho de conclusão de curso mesmo sem tê-lo assistido ainda. Agradeceria se você pudesse me dizer onde assistir... Procurei para comprar, não encontrei. Procurei em torrents para baixar, também não tive sucesso. Em locadoras, tampouco... Uma estudante desesperada pede ajuda, rs.
Agradeço as dicas que estão por vir...
Um abraço.
oi mariana!
o filme é mesmo tocante. também fiquei com vontade de tê-lo na estante de casa e por isso perguntei à diretora onde poderia encontrá-lo. pois ela me disse que por enquanto ele não está à venda e nem disponível em locadoras... mas depois desta notícia chata, vem um alento: ela disse que o melhor cainho seria pedir um cópia para a tv pública brasileira.
quem sabe assim você consegue... vale a pena tentar. se der certo, me avise!
beijos,
nanda
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