13.5.05

Enredo

"te enganas se te sôo suave enredada na cama em mim"



Deixa correr teu olhar denso
Seco de cólera
Alicia minhas lágrimas
E me dá teus dedos
Pesquisa meu corpo
Silencia minha dor
Antecipa minha cura
Com teu vapor na minha nuca

E destrói minhas entranhas
Meus olhos
Minha boca e meus seios
Vísceras e todos os orgãos
Apunhala meu corpo
Minhas pernas e estômago
Por que
se
alguma
coisa
em
mim
tiver
vida

É tua sentença

Se qualquer parte pulsar
Serás condenado

Te consumo

Num só bocado

O livro que lês
O travesseiro em que descansa
Tua cabeça anestesiada
Me diga onde está
Teu sonho
Eu devoro tudo
Tuas unhas
Tuas aftas
Teus pêlos
Teus pesares
Teu pavor
Tuas crises
Eu como
Sebo
Amor
Bebo gozo
E suor
Me diz onde está teu segredo
Como e bebo teu segredo
Numa só vez
Como e bebo
Tudo o que tu disser que é teu
Até
o
fim

(Não só pelo amor, pela paixão
Mas pela disposição
às conseqüências
Que só os atos puros enredam)

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