12.9.05

furta-cor

uma tarde de línguas assanhadas
que se metem uma na outra
como a madrugada,
furtiva,
se mete na manhã
e a manhã na tarde
mudando tudo de cor

esta tarde úmida
de corpo trêmulo
por baixo da roupa
luz indireta
confissões delongadas
e dedos prolongados
dentes de borracha
(pudesse eu decifrar tua saliva!)
fuzo de carinho,
passos de dança a irradiar
um cheiro de tesão...

depois, tudo vira poesia
duas crianças
sem rumo
por que a noite é incoerente
e livre demais
pra nos manter juntos

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