1.6.07

Um brinde!

Enfim, junho - mês delicioso de beber quentão e me embriagar com prazerosas recordações:

Quando eu era criança, a gurizada da minha rua passava o maio todinho batendo de porta em porta pelo bairro, atrás de brindes e especiarias para fabricar os quitutes da tão esperada Festa Junina. A gente saía aos bandos e voltava com os sacos de batatas cheios de doações dos vizinhos.
.
Minha mãe liderava a equipe, conduzia os ensaios para o casamento na roça e danças de quadrilha, arranjava o figurino e resolvia impasses sobre quem seriam os protagonistas de cada ano. A garagem lá de casa virava estoque de condimentos e oficina de bandeirinhas. Fabricávamos também a cola, à base de farinha, e catávamos lenha para nossa gigantesca fogueira encantada.
.
E nesse clima de colaboração, eis que chegava a tão esperada noite de comemorar São João. Toda gente era convidada a participar. Tinha pinhão, pescaria, tenda do beijo, cadeia, batata doce assada e pipoca, tudo de graça. Pais, tias, sobrinhos, avós, filhos e primos, todos adentrávamos a madrugada brincando naquele universo particular criado com o esforço de cada um.

Era lindo, lindo, lindo. Uma das minhas lembranças mais coloridas, sempre pinceladas pelo censo comunitário da minha mãe. Teve um vez em que ela mandou fazer e pendurar nos postes uma faixa com a seguinte frase “Nenhum de nós é tão bom quanto todos juntos”.

Por isso hoje, inaugurado o primeiro dia de tantos junhos depois, dedico esta frase de Fernando Pessoa à minha querida dona Marion, que faz de tudo atenuar a dureza dos dias e até hoje é a rainha da molecada da Rua Botafogo:
.

No hay comentarios: