hóspede poético:

Intestino ou alma

Márcio Lima – dez 2007

O rapaz passou aqui
Brigando contra o mundo
Socos no ar e xingar
Eram partes que pensava
Podia trazer o amor.

O amor veio de longe
Confuso difuso em ser
Um homem ou a mulher
Ou um misto disso tudo.
O rapaz já nem sabia
Em que direção caminhar
O sol era coração
Cabeça sem solução
Socos no ar a gritar:

Eu amo nem sei se amo
Eu posso nem sei se posso
Eu falo nem sei se falo
Eu sou nem sei o que sou.

Hoje era especial
Decidiu por decidir
Sairia de seu dentro
Ia falar pra quem ia
Ouvi-lo e refletir
Mas a direção era torta
O rumo nem se importa
A porta uma saída
Ou uma entrada na volta

Seu beijo queria lábios
Mas encontrava obstáculo
Que do próprio amor nascia
Voltou para o que não era
Nem foi para o que sonhou
Pulou de dentro pra fora
Nada mais ele encontrou

O sufoco dentro d’alma
A solidão mais profunda
Se revelou o que era
Uma fé tão moribunda
Que resolveu desistir
De amar ou de lutar

Transformou-se neste ser
Satisfeito a respirar
Uma nada dentro do tudo
Dentro de si um adulto
Fora de si a criança
Ao lado um velho homem
À frente uma mulher
Quanta luta miserável
Se não se pode o que quer...
***