26.3.08

em são luís
.
naquela tarde alvoroçada,
de olhos turvos e bocas salgadas,
ela mal se cabia:
trazia os dedos leves
(inda molhados)
pelo tremer humano dos ventos.
excedia!

sem poder explicar
a vastidão que sentia,
sem qualquer reserva,
circusnpeção, heresia,
naquela tarde,
ela foi ter com o mar.

foi sem juízo.
sem roupa.
com calma,
mais nada.

cada raio de sol
descia como ensejo:
misturando horizontes,
desmaiado em miragens,
tons, maravilhas,
lampejos.

e era tanto calor,
tanta secura,
tanto o desejo,
que de longe se via:
a doida nem se sabia!
lançava o corpo,
arranhado em areia,
ondulava gastura,
se perdia.

naquela tarde, sem medos,
sem ter outro par,
outras mãos, outros beijos,
foi levada aos extremos
a doidivanas que se ardia:
rendeu a razão,
alforriou demasia,
e foi ter com o mar.
(seus segredos)

1 comentario:

Anónimo dijo...

O Ser e só o ser.
O mar.
A vida e a vida.
A tarde perdida no vento,
o tempo, a calma, o desejo.
Nada do medo.

Aquelas praias de são luis quando a maré baixa...dá pra escrever amis de um poema, né mesmo?

Léo Menezes