10.5.08

a grande descoberta

ainda estou perplexa tentando entender como pude passar 26 anos completamente absorvidos pela ignorância de não saber fazer tapioca. aprendi faz pouco tempo e nem penso em aprimorar a técnica: gosto dela com umas pinceladas de manteiga e pronto. no máximo um queijinho minas.

mas na hora do acompanhamento, abandono o conservadorismo. tapioca vai bem com tudo: café, beijo, suco de cupuaçu, frio, cerveja, cafuné, chocolate quente, calor, vinho...

eu já imaginava, mas conversando com o senhor que vende tapiocas do outro lado da rua, constatei que não sou a única apaixonada: a danada tem um exército de fãs.

"ah, muita gente me contrata para fazer tapioca em aniversário de criança e festa de gente fina. tem noite que saem umas 200, às vezes até 300", ele me contou.

"certa vez uma senhora comeu cinco, uma atrás da outra', ele lembrou, impressionado. e eu fiquei envergonhada de contar que já bati esse recorde algumas vezes. ;)

esse senhorzinho simpático é uma baiano, brasileiro, que decidiu deixar de ser empregado de uma loja de roupas e montar seu próprio negócio.

ele tem um balcão com rodinhas, parecido com estes carrinhos de pipoca. mas em cima fica uma chapa prá lá de quente, onde ele monta as tapiocas em forminhas. "eu vi na televisão um cara que fazia tapioca desse jeito lá no ceará".

a R$ 1,50 cada, ele vende em média 40 tapiocas por dia. sem contar os eventos extra. trabalha das 9h às 19h, com pequenos intervalos. bate papo fiado com todo mundo e nas horas vagas senta na cadeira ao lado do balcão - folgas distraídas pelas palavras cruzadas. além disso, come tapioca todos os dias.

me diz se não é o ofício dos sonhos! taí: agora que já sei fazer tapioca e também já descobri que não quero ser assalariada pelo resto da vida, bem que eu podia preencher os dias atrás do meu próprio carrinho de quitutes, conversando à toa com a freguesia. de quebra, um radinho de pilha ecoando a voz do chico: "gostosa, quentinha, tapioca..."

mas enquanto eu não abro minha tapiocaria itinerante e sigo na labuta desenfreada, sem tempo para quase nada, busco consolo na tapioca do vizinho - respeitosamente, claro.

e entrego o serviço: o senhorzinho fica da comercial da 209 norte, na altura do bloco d, ao lado da lavanderia copacana - sem vista pro mar, mas ao ar livre. logo ali, na calçada, sob o teto infinito desta cidade onde as boas descobertas dispensam esquinas.

2 comentarios:

Anónimo dijo...

Buenas, precisando de um sócio, pode falar comigo !! Eu podia cuidar do caixa e você do serviço... ehhehe =P Essa vida de assalariado não é pra mim também !!!

Mas de qualquer forma, o dia que for à Brasilia te visito !! Afinal agora já tenho teu endereço ;)

Bjsss moça notívaga...
Sabones !!

PS: É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que eu te encontrar no MSN !! Qualquer semelhança é mera coincidência...

Anónimo dijo...

Tapioca agora dá até CPI, imagine só. Eu, pelo meu lado, aprendi hoje a fazer yakisoba. Moleza.
Bj.
Ricardo