e se escrevo assim, no calor da hora, logo após ver o filme, é porque sei que esta raiva que estou sentindo agora só existe porque sou capaz de amar. e porque expor meus sentimentos é uma maneira de fazer-me sujeita desta triste realidade. e que se algumas vezes sou sujeita é porque noutras sou objeto.
e porque não dá para a gente mudar e fazer de conta que não mudou. chega de ver e fingir que não viu. olha, que triste, mais um assassinato de índio. desliga a tevê e vai dormir. estou bem orgulhosa do cristiano navarro, que é bom amigo e um dos diretores do doc.
tornar-se consciente é um caminho de libertação. somos todos inacabados. alguns de nós, indomesticáveis. e se tudo der certo avançaremos sem acreditar nos nervosismos dos mercados financeiros, sedentos por mais lucros a qualquer custo.
a injustiça social não é uma fatalidade. em toda a américa latina o latifúndio estrutura os espaços sociais e políticos, determinando valores e hierarquizando as identidades culturais. por todos os lados, os índios foram marginalizados e reduzidos à sobrevivência.
o afã de mercantilizar todos os aspectos da vida e explorar todos os recursos naturais não é uma fatalidade.
a subordinação da vida aos interesses de meia dúzia de grandes corporações mundiais que acreditam que "o céu é o limite" não é uma fatalidade.
nem sempre foi assim. nem sempre será. tudo é parte de um processo histórico e só pode ser compreendido assim, nesse contexto. nós - humanidade - trilhamos um caminho controverso até chegarmos aqui. somos responsáveis por cada um dos nossos disparates civilizatórios.
e precisamos mudar o rumo desta trajetória. talvez o filme contribua para compreendermos melhor este cenário dramático em que cada um de nós tem um papel especial.
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À Sombra de um Delírio Verde from Mídia Livre on Vimeo.
1 comentario:
Absurdo, Nanda! Entendo a raiva que você sente, é legítima.
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