antieu
dia-a-dia amarro minhas asas
e simulo existir no mundo da normalidade
eu digo sins, tudo bem
e
nãos, obrigada
tempo em tempo
contraponho
medíocre
e
empática
a vida imóvel
interrompida
estática
e justifico
cínica e sorridente
(cheia de dedos no trato)
dia-a-dia
sorvo
trago e engulo
minha amargura
é na garganta
que
estanco meu sonho
finjo candura e sangro
pra dentro
noite na noite
eu tremo
temo
tremeluzo
o que
eu vingo
minto
dissimulo
e uso
entre tantos
entretantos
ainda entreteço
esperanço
ademais,
noite sim,
noite não,
nos asamos
e eu sinto um pouco de calor
um resto de vida
na clausura da gaiola
enfrento os laços
estorvos morais
e rezo por mim e por ti
no fundo,
apavoro
morro de medo
de uma vingança alada
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