29.6.05


autenticada

minha rima é fraca
minha casa não é própria
a cintura é mal feita
os meus seios não apontam saturno
eu nem sei passar batom!
trabalho nos dois turnos
não acredito no tempo
pra mim, a intesidade

me julgam sem argumentos
de parca credibilidade
meu ex é um babaca
o atual pilha fraca
o seguinte atrasado
não esbanjo longas madeixas
meu pezinho não é de gueixa

meus olhos não são azuis
e minha conta vive no vermelho
eu tenho insônia
e sofro de renúncia!
minha caligrafia é torta!
não endureço nem morta!

mostro os dentes
(e escondo uns medos)
cresci ouvindo que pareço menino
que me ponho moleca
blá, blá, blá
e perco o tino!

na escola, fui má companhia
e ainda há os que confundam
minha alegria
com mil ousadias!
sou pura melancolia...

convivo com azia
o pandeiro não me obedece
detesto surpresas
o cobrador não me esquece
coloco meu coração na mesa
pra que cortem suas fatias
rogam que fico pra tia!

sou tomada de defeitos
meu bamboleio é quadrado
meu fluxo desregulado
não faço planos
só miro a intuição
detesto dar satisfação!

não ofereço segurança
cada qual com sua dança!
e puxa! como me cansam
as coisas definidas
fixadas,
estáveis e estabelecidas!

desde sempre é assim
minha borracha se desmancha
em tanto erro e engano
eu não tenho técnica
desconheço a métrica
minha prosa engana
não sou boa de cama
e sempre levo a fama!

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