2.8.06

teimosas

quem explica esta orquídea,
que, alheia à seca,
na contramão dos dias,
cria e recria
cores estapafúrdias:
verdes lúxurias,
violetas estripulias?

cheias desta demasia,
comum a toda beleza,
pétalas, garras e sépalas
são ninfetas abusadas
que umidecem a poeira noturna,
entorpecem a madrugada,
iluminam a treva soturna!

arrancadas da natureza
fazem do meu quarto um reino!
e se teimo em perder a leveza,
jogam pólen nos meus sonhos!
assumem diversos tamanhos
até me incendiarem certezas!

depois, caem vadias, desmaidas,
nesta solonência ornamentada
que a vaidade empresta às altezas.
por fim, emudecem brancas.
roxas, camaleôas, depravadas.
(deixando escandalizadas
as mais absurdas surpresas...)

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