21.9.06

Dia de deixar o porsche na garagem

Amanhã (22) é o dia internacional da jornada "Na Cidade Sem Meu Carro". Uma data especialmente feita para você, pessoa sensível, de boa índole, interessada em qualidade de vida e comprometida com a evolução da humanidade.

A idéia é que a gente deixe o automóvel de lado e vá pro trabalho de ônibus, de bicicleta, de carona ou a pé. Afinal, a caminhada pode ser uma boa oportunidade para refletirmos sobre o custo-benefício do carro para toda a sociedade.

Sempre fico sonhando como seria o mundo se não tivéssemos adotado o modelo de transporte individual. Imagine Carl Benz ou Henry Ford:

"Tenho aqui uma máquina revolucionária! Um meio de transporte incrível, que vai reduzir distâncias e fazer o homem ganhar tempo!"

Vanguardistas que foram, não deixariam, naturalmente, de pensar no futuro da engenhoca:

"Bem, é verdade que, a longo prazo, o uso irracional deste veículo pode acarretar em alguns 'efeitinhos' colaterais, como a morte de milhares de pessoas todos os dias. Também precisaremos abrir vias e mais vias e ainda mais vias, para suportar a demanda e favorecer o fluxo de automóveis. Mesmo assim, corremos o risco de congestionamentos..."

Queria muito ter sido a pessoa que recebeu a proposta para bancar a fabricação deste invento. Eu diria NÃO! NÃO E NÃO! Ora, só no Brasil cerca de 30 mil pessoas morrem todos os anos no trânsito. Esse número é muito maior que as baixas de guerra! Isso sem falar na poluição do ar e na poluição sonora e no estresse e no preço da gasolina e na exploração do petróleo...

Um lugar que exemplifica bem o uso desatinado do automóvel é o Distrito Federal. Aqui, há um carro para cada quatro habitantes. Ou seja, toda a população poderia se deslocar simultâneamente! Ao invés disso, cada um vai no seu. Um brinde ao individualismo!

Em contapartida, temos um sistema de transporte coletivo inadequado para atender a população. Mesmo tendo uma tarifa caríssima, a frota de ônibus não oferece segurança aos passageiros. E não há estômago que suporte o chacoalhar da carroagem. É simplesmente desrespeitoso, pra não dizer humilhante mesmo.

Quem anda a pé por aí, sabe que também faltam calçadas, faixas de pedestre e rampas de acesso. Faltam ciclovias e ciclofaixas. Falta um metrô que funcione, inclusive nos finais de semana. Faltam pontos de ônibus. Faltam os póprios ônibus!

Como não dá pa voltar atrás e jogar um balde de água fria na cabeça dos inventores do automóvel, uma boa alternativa é participar da campanha "Na Cidade Sem Meu Carro".

A jornada é um dia para demonstrar a insatisfação com o transporte, o trânsito e a acessibilidade nas vias públicas. Um dia de protestar contra o desrespeito ao direito de ir e vir. Já pensou se houvesse um automóvel para cada habitante? Insustentável, né? Então, já sabe: de carro, só se for acompanhado.

Atividades criativas e recreativas sobre educação no trânsito serão realizadas por todo o país, alavancadas pela ONG Rua Viva.

Em Brasília, que comanda a ação é a ONG Rodas da Paz. Às 8 horas haverá concentração em fente à torre de tevê para passeio ciclístico em direção ao Bloco A da Esplanada. A partir das 10 horas será realizado o seminário “Jornada Na Cidade Sem Meu Carro”. No final da manhã será inaugurada a exposição de fotos “Bicicletas pelo Mundo”.

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