Embarcar
Larga mão enquanto há tempo.
Eu não tenho morada
E toda paz é por um fio
quando meu particular de aço
veleja em popa ao som do mundo.
Eu me oponho ao ser ontem!
Viro as costas ao teu abraço
e dou de ombros
por que meu espaço
se mete em toca na voz do mudo.
Não pelo mar, mas pelo anzol do horizonte!
Eu me ocupo demais em ser
e as palavras, por vezes,
só quero escritas.
Malditos gritos altivos
a meu roubar da imensa solidão do mar!
É duro ter aos ouvidos
esta alma debandada da Terra!
Sou eu quem pago,
sou eu quem erra.
Sou eu, quem dera,
tudo de mim por minha quimera!
Se a razão te desse
um quinhão do que eu sinto,
amarfanharias teu ímpeto,
derrotarias teu fogo,
espremerias teus nervos
e te livrarias, a qualquer preço,
deste tolo querer me navegar...
Antes disso,
porém,
me enlaça.
Rompe o silêncio
com tua voz
de carga.
Ancora teu calor
na pequenez
da minha enseada.
Traz boas novas
pra nossa casa.
Toma as estrelas
da minhas boca - são tuas.
Me guia sem norte,
me ama, meu amor,
e mais nada.
1 comentario:
saudade.
san
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