3.4.08

Embarcar

Larga mão enquanto há tempo.
Eu não tenho morada
E toda paz é por um fio
quando meu particular de aço
veleja em popa ao som do mundo.
Eu me oponho ao ser ontem!

Viro as costas ao teu abraço
e dou de ombros
por que meu espaço
se mete em toca na voz do mudo.
Não pelo mar, mas pelo anzol do horizonte!

Eu me ocupo demais em ser
e as palavras, por vezes,
só quero escritas.
Malditos gritos altivos
a meu roubar da imensa solidão do mar!

É duro ter aos ouvidos
esta alma debandada da Terra!
Sou eu quem pago,
sou eu quem erra.
Sou eu, quem dera,
tudo de mim por minha quimera!

Se a razão te desse
um quinhão do que eu sinto,
amarfanharias teu ímpeto,
derrotarias teu fogo,
espremerias teus nervos
e te livrarias, a qualquer preço,
deste tolo querer me navegar...

Antes disso,
porém,
me enlaça.

Rompe o silêncio
com tua voz
de carga.

Ancora teu calor
na pequenez
da minha enseada.

Traz boas novas
pra nossa casa.

Toma as estrelas
da minhas boca - são tuas.

Me guia sem norte,
me ama, meu amor,
e mais nada.

1 comentario:

Anónimo dijo...

saudade.
san