21.11.08
Juventude conectada
Conquistar o primeiro emprego continua sendo um desafio para a juventude brasileira. Para vencer esta dificuldade, o projeto Com.dominio Digital investe na qualificação profissional e na inserção de jovens no mercado das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Uma proposta inovadora, que incentiva estudantes de baixa renda a traçar um projeto de vida, superar dificuldades e, sobretudo, concretizar sonhos.
21/11/2008 - Aos 18 anos, Neivison Santos cursa Ciências Contábeis na Bahia. Morador de um bairro pobr
e da periferia de Salvador, ele se considera um vencedor. “Há pouco tempo atrás a possibilidade de fazer uma faculdade nem passava pela minha cabeça. Para mim, universidade não era coisa de jovem de subúrbio. Pensava que no máximo eu chegaria a ser era um vendedor ou um pedreiro”, conta. A perspectiva de Neivison começou a mudar em 2006, quando ele ingressou numa turma de formação da Rede Com.Domínio Digital.
Coordenado pelo Instituto Aliança, o Com.Domínio Digital foi iniciado em 2004, com um projeto-piloto que formou 460 jovens de quatro cidades cearenses. Atualmente a iniciativa está presente em 22 municípios de sete estados (Bahia, Ceará, Minas Gerais, Permabuco, Rio de Janeiro, Sergipe e São Paulo) e fechará o próximo ano com a participação de mais de três mil jovens de 18 a 24 anos. “Nosso foco não está apenas na capacitação profissional, mas também no desenvolvimento social e pessoal dos estudantes”, ressalta Maria Adenil Vieira, diretora do Instituto.
“A grande diferença é que no Com.Domínio a gente não aprende apenas uma profissão. É também um ambiente onde a gente constrói auto-confiança, aprende a conviver e ser solidário em grupo e reforça valores”, afirma Tássila Lima, que participou da primeira turma do projeto no Ceará e hoje está empregada, cursando o sexto semestre de Publicidade e Propaganda. “É uma fase muito difícil quando a gente termina o ensino fundamental. Tem muita pressão para que a gente arranje logo um emprego e decida o que vamos fazer para o resto das nossas vidas”, argumenta Tássila.
Maria Adenil conta que envolver os familiares no processo de formação foi a alternativa encontrada pelo Com.Domínio para amenizar as exigências vindas principalmente dos pais para que os jovens garantam logo um lugar ao sol no mundo do trabalho. “Todo mês temos uma atividade de debate com as famílias. Discutimos os benefícios em frear a tendência ao imediatismo na busca por qualquer trabalho remunerado e pedimos que os pais estimulem os jovens a ficar no projeto”, conta.
Conhecimento compartilhado
Os encontros também têm a finalidade de aproximar pais e filhos, além de promover oficinas voltadas para o uso de tecnologias. “É um contato importante. Muitos pais não entendem porque os filhos passam tanto tempo conectados à internet e não percebem o caráter formativo que existe por trás disso”, acredita Maria Adenil. “Se a nossa própria família não nos apoiar, fica quase impossível ir adiante”, reforça Tássila, que atribui a melhoria do diálogo que hoje tem em casa à intervenção do método aplicado pelo Com.Domínio.
A metodologia do projeto considera cinco componentes: formação profissional, inserção (com permanência e ascensão no mercado), sistematização e co-responsabilidade entre os setores públicos, privados e terceiro setor. O quinto componente compreende a sistematização e distribuição de um kit pedagógico para todas as organizações parceiras, uma novidade no âmbito do Com.Domínio. “ É uma forma de difundir essa Tecnologia Social, dando condições estruturais para que outras entidades tenham autonomia para reaplicar essa iniciativa”, explica Maria Adenil.
Resultados abrangentes
“Nosso objetivo é a formação integral do jovem. Em vez de prepará-lo apenas para um cargo específico, estimulamos ele a desenvolver habilidades e conhecimentos. O produto final do curso não se restringe a um plano de carreira, mas na construção de um projeto de vida”, afirma Maria Adenil. Se a proposta é ousada, os resultados são animadores. Dos 2.258 jovens formados até agora, num programa de educação profissional de 560 horas, aproximadamente 70% conquistaram uma vaga no mercado, inclusive com permanência e ascensão nas empresas.
“Antes de participar do projeto eu me sentia um náufrago. Tinha sonhos como todo adolescente, mas vivia ilhado pela falta de oportunidades. O Com.Domínio não me resgatou desse ambiente. Ele me deixou na própria ilha, só que agora eu tenho conhecimento e base para ir aonde eu quiser”, ilustra o jovem Neivison, que hoje trabalha na equipe administrativa do Com.Domínio e quer direcionar o que aprender na Universidade em prol da população mais necessitada.
Parceiros
Desenhado para atender às demandas do mercado de trabalho de municípios, que não encontravam mão-de-obra local qualificada para preencher as vagas existentes, sobretudo em postos na área de Tecnologia da Informação, o Projeto Com.Domínio Digital é executado com apoio do Fundo Japonês, Agência Canadense de Desenvolvimento, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), International Youth Foundation, Instituto Unibanco, Instituto Oi Futuro, Fundação Avina, Instituto Ibi e Instituto Wal-mart, além das secretarias de Educação do Ceará de Pernambuco.
A ação é distribuída em 22 núcleos pedagógicos situados nos sete estados de atuação, consolidando uma ação em rede que possibilita compartilhar de metodologias e a potencializar parcerias. Cada estado conta com um Conselho de Parceiros, com a participação de diversos segmentos sociais, que atua no sentido de envolver e promover mudanças nos papéis desempenhados pelo Estado, empresas e sociedade civil no compromisso com a criação de um futuro mais digno e promissor para a juventude brasileira.
Outras Informações
Instituto Aliança
www.institutoalianca.org.br
Por Vinícius Carvalho, jornalista do Portal da RTS, e Fernanda Barreto, do Projeto Brasil Local.
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