De um presídio do Ceará direto para o meu sofá
A população carcerária do Brasil é de quase 470 mil. Desse contingente, cerca de 150 mil são presos "provisórios", ou seja, sequer foram julgados. Enfim, dizer que a Justiça brasileira é caduca e que o nosso sistema carcerário é ineficiente faz chuva no molhado... Mas um Feira realizada no finalzinho do mês passado em Brasília, durante a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg), mostrou um lado B do que acontece entre os muros dos presídios.
Organizada pela Pastoral Carcerária e pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça, a Feira expôs e comercializou artesanatos produzidos por detentos e detentas de 18 estados e do Distrito Federal. Foram bolsas, luminárias, toalhas, brinquedos em madeira, acessórios, artigos de cama, mesa e banho, entre outros.
Esta colcha de fuxico aqui na foto ao lado foi feita por cinco detentas do Instituto Penal Feminino Desembargador Auri Moura Costa, em Fortaleza (CE). A expositora faceira que segura a colcha é Iraneide Soares Chagas, da Pastoral Carcerária daquele Estado. Ela contou que as detentas estavam com uma expectativa gigante sobre a aceitação dos produtos.
Bom, a Feira foi um sucesso. E eu não demorei nadica de nada para aceitar a iniciativa com entusiasmo. Agora, a colcha linda que elas fizeram virou uma manta para o meu sofá. Com a casa enfeitada, penso nessas mulheres, nas suas vidas e famílias, e torço para que o ofício que muitas delas aprenderam dentro dos presídios sirva para ajudá-las a romper com o histórico de crime. E que, quando elas saírem de lá, a gente consiga absorver o talento que elas têm.
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