Os livros têm sido os grandes meios de transporte destes meus dias de férias. Na última segunda-feira (14) tive o privilégio de assistir a uma palestra do rabino e escritor Nilton Bonder na embaixada do Brasil em Buenos Aires. O tema do encontro foi seu livro “A alma imoral”, que já foi adaptado para o teatro no Brasil, num espetáculo imperdível com a atriz Clarice Niskier, e que em janeiro de 2010 ganhará os palcos da Argentina em nova montagem. A peça já havia me comovido muito e agora que estou lendo o livro muitas luzinhas se acendem em mim.
O texto é puro acolhimento para minha alma imoral. O exemplar está autografado e é um presente para o Vinícius, meu querido companheiro de aventuras. A publicação fala sobre a luta política que travamos com nosso corpo para expressá-lo de uma maneira socialmente “correta” ou simplesmente bem aceita pela maior parte das pessoas. “Nada é mais subversivo do que ir contra a opinião da maioria”, disparou o escritor durante o bate-papo.
Nilton parte do princípio de que nosso corpo é uma estrutura cujo desejo maior é preservar-se e procriar ao mesmo passo em que a alma vai descobrindo que seu caminho é transgredir isso – uma espécie de jogo entre o corpo e alma. O autor critica a moral do corpo como sendo necessariamente a melhor forma de representar nossos interesses ou, melhor dizendo, o interesse sagrado pelo adequado, pelo establishment, pelo desejo de manter o que já é.
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Na mesa, além de Nilton estavam (desculpe não ter anotado os nomes) um professor universitário, a atriz que encenará a peça argentina e a diretora do espetáculo. Parte do público era um pouco, digamos, careta, e deu pra notar pelas perguntas direcionadas ao rabino que muita gente ficou desconfortável na cadeira enquanto ele tocava em assuntos como traição e tradição, fidelidade, família, obediência e as mais humanas lógicas irracionais da alma e do corpo. Bom, fica aqui a dica para quem quiser uma leitura renovadora para colocar os pés em 2010.
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