aquelas mulheres e homens tinham uma maneira curiosa de lidar com a morte: no lugar de velório e tristeza, festejavam o desencarnado num grande ritual coletivo, que durava a vida inteira, evocando os espíritos de fogo, terra, água e ar.
dançavam ora de mãos dadas, ora livremente, em volta da fogueira, até o corpo desaparecer por inteiro. após a cremação, as cinzas eram misturadas à terra, onde logo seriam semeadas dezenas de árvores e outras espécies.
com o passar dos dias, despontavam os primeiros brotos e quando, finalmente, a chuva inaugurava sua temporada, a comunidade voltava a se reunir - desta vez para buscar as mudinhas já prontas para serem transplantadas.
filhotes de flamboiãs, abacateiros, milho-verde, mandioca, roseiras, ipês de todas as cores, figueiras e jaracandás: o destino das raízes era o lugar preferido de cada amigo e amiga. e de há muito não existia gente sem alimento, descanso sem sombra e vidas sem flores.
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