11.9.05

Férias do tempo

Não tenho tempo pra nada!, ouve-se muito por aí. Agora mesmo o velho relógio na parede da sala segue em seu tique-taque, alheio a minha falta de tempo. O tempo conta as horas, segundos. O tempo conta história. Tempos. Estações. Desperdícios. O tempo come o almoço, o telefonema, o e-mail, o filme, planos, planilhas. O tempo come o amor. Devora até restos de momentos.

Para Arit Mética, 52, empresário, é inútil contar o tempo. “É preciso flutuar no tapete mágico do eterno aqui”, avalia.

“Só o passado bem passado, resolvido e consolidado, garante um presente firme”, defende Sue Lee, 24, torneiro mecânico e poeta.

Já Cati Langa, 16, estudante, vive em busca do futuro. “O futuro é incerto e isso me excita” explica.

O tempo escorre. Discorre sobre esta mistura viva de tudo ou nada.

“`As vezes, quando vejo, o dia acabou, então é dormir e começar tudo de novo amanhã” conta a dona de casa Parafer Nália, 39. Segundo ela, o tempo nos engana. É uma desculpa que a gente arranja. "Pra encobrir a necessidade de nos dedicarmos àquilo que mais gostamos", conclui.

Talvez Parafer esteja certa. Talvez tenhamos que usar a intensidade como subterfúgio à falta de tempo. Quem sabe a gente se dá aos agoras, e esquece um pouco esta coisa de hora marcada, dentista, prazo de entrega, data de vencimento. Falar nisso, tem horas? Quantas horas ainda temos?

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