16.4.06

sozinho

ela acordou bem cedo e me beijou com saudade. disse que havia perdido, em algum lugar, a nascente da própria vontade. precisava voltar. precisava voltar. então pensei que ela não havia mais como sair dali, de onde estava, daquele emaranhado de nós. de nós dois. mas disse que fosse. que buscasse em todos os lugares. em qualquer lugar. que vislumbrasse cada milímetro de vida. e assim foi. ela foi. levantou cedo, antes da galinha e das crianças. aprumou-se e foi. me deixou este gosto de saudade na boca. e toda esta cidade fantasia ao redor. os edifícios verdes me ofuscam as vistas. as grandes vias me abafam. os olhares sufocam, sufocam. só o céu é casa. tanta coragem de ser, tanta coisa pra fazer e ela se foi. madrugou. saiu antes de tudo. antes de tudo que aconteceu em mim depois que ela foi. arrancou-se de minhas pernas em busca do primeiro raio de luz da manhã. foi atrás de calor. de paz. do preto. do branco. foi lambuzar os pés. foi porque a vida não vem pra quem não vai. e o amor não espera passar a vontade.

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