21.6.06

meia semana de médio amor
.
você chega em casa
com seu jeito calado:
eu, pura brasa.
você, malpassado.
conta do banco
do engarrafamento,
da tensão,
do boleto atrasado.
.
eu rezo prum santo,
adormeço o rebento
e desperto a tesão
num beijo apimentado.
.
cadê a paixão profunda?
tudo soa a desespero.
será que é só a segunda
ou a gente perdeu o tempero?
.
dormimos do mesmo jeito:
um só ser entrelaçado.
quieta, te acalento,
disfarço o meu receio.
espero por novo vento.
viro pro lado e leio.
.
(tem corpo estranho no meio?)
.
na dúvida, amanhece.
e tudo soa normalizado.
quem sabe é só inverno?
o frio ensimesmado...
.
o despertador grita,
a terça se agita.
bom dia, café passado.
.
vem cá, eu te digo.
tua camisa? eu nem ligo!
não sei nada de colarinho engomado.
(mas juro que você chega atrasado!)
.
ora, estou farta!
cadê o que nos move?
o raio que nos parta!
hoje, meu bem,
só quarta!
(bem depois das nove)

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