mais um post confessional

2011, 29 anos, 8 meses sabáticos - eis os números que marcam o período mais especial da minha vida. me sinto rara: depois de 9 anos vivendo em brasília e alguns meses viajando pelos países vizinhos, vim cair de mochila na mesma casa onde passei toda minha infância e adolescência.

da guatemala direto para gravataí, cidade da grande porto alegre, quem me trouxe pelo braço foi a saúde do meu pai. a doença se chama câncer e a cura atende também pelo nome de amor. um amor imensamente acompanhado de pequenos cuidados e amplos aprendizados; um amor delicado, que em tudo toca.

em julho vou completar dois meses aqui e, de maio para cá, perdi as contas de quanta coisa mudou. o tempo, assim como o contabilizamos no relógio, nunca fez muito sentido e, agora, nem se fala. dentro de mim, a linha de pontos contínuos que ilustram o avanço dos milésimos, minutos e horas, simplesmente virou uma sequência de asteriscos com setas em cada uma das pontas.

minha ampulheta enlouqueceu. sou pura intensidade, passado, futuro, presente, pressa, lentidão. o processo de salvar a vida do meu pai é tão vagaroso que dói. mas a capacidade de transformar urgência em paciência é uma virtude que todo o ser humano pode conquistar. e estamos juntos, em família e amigos, buscando superar este profundo desafio.

um desafio que puxa os fios dos sentimentos da gente e nos ensina a costurar novos caminhos.