27.11.13

zen % sem juros



quando dezembro vai chegando, eu me sinto mais ensimesmada que o de praxe. me recolho. ando mais devagar. evito um pouco os desconhecidos. é como se eu precisasse de silêncios triplicados, talvez para amenizar em mim este excesso de luzinhas que piscam e piscam sem parar por toda a paisagem. 

dezembro sintoniza numa frequência que se contrapõe ao desabrochar da primavera: passos apressados e olhares inquietos se cruzam pela cidade. ninguém se demora em nada. sem falar no disparate do tal papai noel. numa boa, quem é o papai noel? há tantas fantasias e mensagens mais bonitas para passar para as crianças.

mas não. papai noel é algoz e dita as regras: listas de compras, preparativos para a ceia, balanços, perspectivas, cartão de crédito, tia chata distante, amigo-secreto. sabe, respeito muito quem realmente se alegra fazendo estas coisas. não é o meu caso. se eu fizesse, seria por pura obrigação, para agradar aos outros ou pior ainda: simplesmente porque todo mundo faz.

pois não pense que é fácil: como assim você não vai passar o natal com a sua família? é um momento tão importante, de reunir a todos, espírito natalino, solidariedade efêmera e blá. pois por anos a fio eu não passei o natal entre os meus. aproveitei os recessos no trabalho e me refugiei em lugares onde jamais houve renas, trenós ou luzinhas frenéticas. 

este ano, sim, repetirei o natal em família. é que ano passado foi muito bom. sem ceia especial, sem roupa nova, sem exagero de presentes: apenas colchas estendidas no gramado da casa da minha mãe e todos nós ali, rolando e trocando conversas como se fosse qualquer terça-feira, entre um brinde e outro. 

pra mim natal de verdade é assim: sem pressa, sem peru, sem santa claus, sem cinco vezes sem juros. mas com abraços sinceros e honestidade. a minha vida eu prefiro viver à vista em todos os sentidos - e este é meu humilde porém sincero presente para o futuro. 


imagem: tamara adams

1 comentario:

Gustavo Noronha dijo...



Fiz um post no começo desse ano (nossa, parece que foi ontem!) sobre uma música que reverberou bem fundo em mim. A letra é uma poesia que meu tio Taquinho tinha escrito e botou numa música de amigos, capaz de você gostar (apesar da má qualidade da tradução =P).