18.11.05

extemporâneo

o amor matou a madrugada:
...sopro...
tanto te-me faz se
é noite ou dia.
invento lua ensolarada,
ludibrio os ponteiros,
amanheço azul
na estrada adormecida.
o amor matou a juventude,
os planos,
as possibilidades,
a agonia da urgência.
com pesar, dor e dúvida,
corajoso e covarde,
o amor matou.
se amanhã fui
ontem, vou.
o amor matou a juventude e a saudade:
...desprendo...
o futuro era
exatamente
o que o passado
será na abstração vazia.
...contemplo...
luas e sóis
são varridos
pelo vento
ou refletem
cor
nas poças
desta chuva
vadia?
o amor arrancou
o punhal de si
e matou
de próprio
punho.
matou o presente:
...assovio...
burlo o calendário,
lendário passar
de páginas moribundas...
abro as janelas
o vento bate ao contrário
- escrevo sábados
nas tardes de segundas...

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