Socos inábeis
Nesta manhã amarelada,
de sombras espalhadas
pelo chão,
sinto uma tristeza aguda
e comovente por ti, meu amor.
Sinto apatia pelas tuas mãos,
tão lisas e inábeis,
teus dedos longos,
que não semeiam nada.
Teus pulsos estão algemados,
e sequer tens consciência
da tua coragem dormente.
Te escondes nos poemas
mal versados, carregados de métodos
falsos e métricas sem emoção.
Ah! Que tristeza me dá, meu amor!
Que pena! Que pena! Que pena!
Tua paralisia ignorante grita por cores!
Mas é na indolência que teu coração
encontra abrigo.
E só este amarelo envelhecido,
páginas de um livro jamais lido,
pinta o teu caminho.
Estás tão vazio em mim
que evaporas ao vento
dos acontecimentos quentes
dos meus dias.
E a lembrança do quanto te quis
apodrece ardente,
sob o calabouço que instaurei
para guardar o que não fomos.
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