tenho pensado muito na morte.
nenhuma urgência em morrer.
nada disso de sentir-me esgotada
ou tramar suicídios teatrais.
tenho pensado na morte como quem
fricciona cautela e curisodade. a morte
não cala nem fala. pacifica porque
certeira, completa e não se desfaz.
mas seria amorfa ou intensa?
traria alguma razão ou loucura?
uma nesguinha de fé?
a morte não me arrefece. suas faíscas
vão queimando meu peito verde das cores
que ainda vou dar. não penso a morte
com um começo tampouco me soa
um tropeço pelas calçadas do fim.
- jamais supus que ficaria para apagar
as luzes. e por isso não me comove
deixar saudade nos meus.
que faria a nostalgia senão acender
as velas e ressucitar desbotadas
lembranças?
pressentir a morte seria uma
delizadeza que jamais esqueceria.
sequer lembraria, afinal.
que venha sem fingir, eu espero.
e não fuja ao bom costume
da pontualidade: que tenha pressa,
mas nem tanta ao ponto de cabular-me
um brinde derradeiro para o chá.
se estiver chovendo, que seja verão.
e que me deixe molhar enquanto escolho
as folhas no jardim.
1 comentario:
aaaah
como gosto do que escreve.
que beleza isso
beijo meu
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