Dentro da sala tem luar
Um lugar esparramado de milhares de microcoisinhas, ideias, saudades, referências. Livros pela cozinha, poesia na cabeceira, objetos divertidos para animar olhares distraídos. Tem mirra atrás da rede e manjericão para temperar com alecrim. Tem tintas sobre a mesa, pincéis, bagunça, evidências...
Tem espelhos, transparências. Tem silêncio dentro de mim. Sorrisos, sonos, artesanato. Filtro de barro, óleo de essência. Tem minhoca e não tem gato. Tem cartões, segredos, ilustrações, versos pra declamar. Velas para as noitadas, violão, escurinho, pandeiro e cilada: até vizinho pra reclamar. Meio assim, micromacro, é meu lar.
Arroz no prato, frigideira, chuveiro quente e, sem banheira, espuma e chuva pra se banhar. Tem amor pra receber, amor pra dar. Tem tempero o ano inteiro mas sem você tem graça nem quem sabe cozinhar. Tem vista para o mar do cerrado: jambu, pitanga, abacateiro, gramado. E de vez em quando um beija-flor a beijar. Tem lembranças....
E tem praça. Escondido nas miudezas, entre as dúvidas e as certezas, tem grandeza e tem graça: final feliz pra colecionar. Tem gregos e tem videntes, o ocidente que se oriente: construo pontes entre os planetas, atravesso os continentes: doida varrida de me morar. Minha casa tem leituras inesperadas, achadas nas prateleiras...
1 comentario:
Sua casa parece a minha casa.
Que bom alguém ter uma casa que lembra a casa da poeta
Aqui tem muda de pata de vaca e de arvores do cerrado que nem sei o nome, para plantar na quadra
Tem dois vizinhos joões-de-barro perto da janela
Tem um bem-te-vi que tenta comer guppies no aquário junto da janela
Uma corujinha que fica me olhando em algumas manhãs de sábados
Coisas arrebanhadas em chapadas, praias, florestas, rios e cidades
Algumas pinturas
De barcos, miniaturas
Livros, filmes e músicas para vários 100 anos de solidão
Nessa casa mora um velho que sonha sonhos de cores, imagens, músicas, letras e pensamentos.
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