17.1.11

entre aspas

"os rabinos entendiam que a própria definição de mercado tem a ver com esta incrível interconexão de tudo com tudo, de todos com todos. é impossível mexer aqui sem perturbar ali e criar uma nova harmonia. e buscar o preço justo é uma tarefa que tende à impossibilidade. nossa tentativa de encontrá-lo exige tanta consciência e sapiência sobre as conexões deste universo que o preço justo, idilicamente justo, é em si a explicação da razão de tudo, inclusive de nossas vidas. afinal, o preço cosmicamente acurado teria de levar em conta e priorizar tudo em função desta infinidade de correlações do universo. o valor de algo definido em relação ao grande mercado é um elemento com o qual se poderia decodificar o próprio universo.

esta é a razão pela qual o rabinos recomendam al tifrósh min ha-tsibur - não te afastes do coletivo (da sociedade ou, diria, do mercado). tal é a natureza da vida, dos valores e do que faz sentido, que absolutamente nada tem valor. o preço de algo só pode existir no mercado; fora deste, não há preço e não há valor. este é um mundo onde luz e escuridão não existem separados um do outro, onde um define o outro. um preço justo define algo em relação a tudo mais.

de alguma forma, um preço ou um valor são sinais de vida e vitalidade. em planetas em que haja qualquer forma incipiente que seja de vida, haverá valor e preços. os dilemas do bolso são em si o confronto da vida com a sua definição, pois a prioridade decidida no bolso exprime valores e compreensão de si mesmo. o somatório de nossas decisões de bolso estabelece relações que sào reais, tão reais quanto algo pode ser. esta é a realidade do que é - seu preço. (...)

os preços arrancam dos mundos da sutileza e do oculto informações que materializam realidade. é nos saber realmente buscar todas as informações que os justos organizam seu tempo e estabelecem a forma como querem "gastar" nesta vida. quanto maior a certeza dos valores, mais corretos se tornam os preços e mais sentido é adicionado à vida. quem conhece os preços vive a sua vida sem a sensação constante de angústia originada na dúvida de termos feito maus negócios com a própria vida".


do livro "a cabala do dinheiro", de nilton bonder.

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