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7.4.11

A erva-mate

"A lua morria de vontade de pisar a terra. Queria provar as frutas e banhar-se em algum rio.
Graças às nuvens, pôde descer. Do pôr-do-sol ao amanhecer, as nuvens cobriram o céu para que ninguém percebesse que faltava a lua.


Foi uma maravilha a noite na terra. A lua passeou pela selva do alto Paraná, conheceu misteriosos aromas e sabores e nadou longamente no rio. Um velho lavrador salvou-a duas vezes. Quando o jaguar ia cravar seus dentes no pescoço da lua, o velho degolou a fera com seu facão; e quando a lua teve fome, levou-a para a sua casa. "Te oferecemos nossa pobreza", disse a mulher do lavrador, e deu-lhe umas broas de milho.


Na noite seguinte, lá do céu, a lua apareceu na casa de seus amigos. O velho lavrador tinha construído sua choça em uma clareira na selva, muito longe das aldeias. Ali vivia, como em um exílio, com sua mulher e sua filha.


A lua descobriu que naquela casa não havia nada para comer. Para ela tinham sido as últimas broas de milho. Então iluminou o lugar com a melhor de suas luzes e pediu às nuvens que deixassem cair, ao redor da choça, uma garoa muito especial.


Ao amanhecer, nessa terra tinham brotado umas árvores desconhecidas. Entre o verde-escuro das folhas, apareciam flores brancas.


Jamais morreu a filha do velho lavrador. Ela é dona da erva-mate e anda pelo mundo oferecendo-a aos demais. A erva-mate desperta os adormecidos, corrige os preguiçosos e faz irmãs as gentes que não se conhecem."



Eduardo Galeano, em "Os nascimentos"

15.2.11

galeano

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no consigo dormir.
tengo una mujer atravesada entre los párpados.
si pudiera, le diría que se vaya;
pero tengo una mujer atravesada en la garganta.
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17.1.11

entre aspas

"os rabinos entendiam que a própria definição de mercado tem a ver com esta incrível interconexão de tudo com tudo, de todos com todos. é impossível mexer aqui sem perturbar ali e criar uma nova harmonia. e buscar o preço justo é uma tarefa que tende à impossibilidade. nossa tentativa de encontrá-lo exige tanta consciência e sapiência sobre as conexões deste universo que o preço justo, idilicamente justo, é em si a explicação da razão de tudo, inclusive de nossas vidas. afinal, o preço cosmicamente acurado teria de levar em conta e priorizar tudo em função desta infinidade de correlações do universo. o valor de algo definido em relação ao grande mercado é um elemento com o qual se poderia decodificar o próprio universo.

esta é a razão pela qual o rabinos recomendam al tifrósh min ha-tsibur - não te afastes do coletivo (da sociedade ou, diria, do mercado). tal é a natureza da vida, dos valores e do que faz sentido, que absolutamente nada tem valor. o preço de algo só pode existir no mercado; fora deste, não há preço e não há valor. este é um mundo onde luz e escuridão não existem separados um do outro, onde um define o outro. um preço justo define algo em relação a tudo mais.

de alguma forma, um preço ou um valor são sinais de vida e vitalidade. em planetas em que haja qualquer forma incipiente que seja de vida, haverá valor e preços. os dilemas do bolso são em si o confronto da vida com a sua definição, pois a prioridade decidida no bolso exprime valores e compreensão de si mesmo. o somatório de nossas decisões de bolso estabelece relações que sào reais, tão reais quanto algo pode ser. esta é a realidade do que é - seu preço. (...)

os preços arrancam dos mundos da sutileza e do oculto informações que materializam realidade. é nos saber realmente buscar todas as informações que os justos organizam seu tempo e estabelecem a forma como querem "gastar" nesta vida. quanto maior a certeza dos valores, mais corretos se tornam os preços e mais sentido é adicionado à vida. quem conhece os preços vive a sua vida sem a sensação constante de angústia originada na dúvida de termos feito maus negócios com a própria vida".


do livro "a cabala do dinheiro", de nilton bonder.

12.1.11

entre aspas

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"quanto mais perto estamos de nos tornar úteis e ecologicamente funcionais em todos os mundos, mais próximos estamos de nos tornar o próprio sustento. num processo de "autobastar-se" na relação social, tudo nos chega na medida certa e na hora certa. vale mais uma vez lembrar que esta não é uma postura de passividade do tipo "seja bom e tudo estará garantido". "bom" se concretiza no mercado, com outras pessoas, seres vivos e coisas. portanto, esteja harmonizado (santificado), e tudo começará a cair no devido lugar, haverá ordem até que se faça necessária outra harmonia".

nilton bonder, em "a cabala do dinheiro".
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9.1.11

entre aspas




“certa vez uma criança arrebatou o melhor de mim. eu viajava e me encontrava diante de uma encruzilhada. vi então um menino e lhe perguntei qual seria o caminho para a cidade. ele respondeu: ‘este é o caminho curto e longo e este o longo e curto.’ tomei o curto e longo e logo me deparei com obstáculos intransponíveis de jardins e pomares. ao retornar, reclamei: ‘meu filho, você não me disse que era o caminho curto?’ o menino então respondeu: ‘porém lhe disse que era longo!’ ”

na trilha da sobrevivência, a “mesmice” muitas vezes é o caminho curto, o mais simples, e que tem os custos mais elevados (longo). ir pelo caminho mais simples e mais curto é uma lei evolucionista. certamente os corpos se movem na direção mais imediata e curta. os galhos buscam a luz e o animal a água, mas sua inteligência interna, sua alma, está atenta a longas modificações. a tentativa de sobrevivência acontece nos campos de batalha do mundo curto e do mundo longo.

as chances de extinção dos que percorrem caminhos curtos que são longos é muito grande. as espécies sobreviventes são aquelas que souberam fazer opções pelo longo caminho curto.
em nosso dia-a-dia sabemos muito bem quais são os processos curtos e quais são os longos. fazemos também nossas opções por padrões que optam pelo curto.

mas nossos mecanismos de detectar se são “curtos longos” ou “longos curtos” existem e sempre estão aí para apontar novos inícios, por exemplo, de relações de trabalho, amor ou amizade.
a coragem está em ouvir o menino das encruzilhadas. ele, com certeza, alerta para ambas as possibilidades de caminho. este menino das encruzilhadas é a alma.

não se assuste com as parábolas que falam de demônios dissimulados nas encruzilhadas. os demônios das encruzilhadas querem sempre apontar os caminhos mais “curtos”. ninguém que alerte para o fato de que os “curtos podem ser longos” e os “longos podem ser curtos” é de ordem demoníaca.
afinal, as encruzilhadas são de grande importância.

não são meras opções de acesso, mas de sobrevivência, e o curto caminho longo pode não levar a lugar algum. se você estiver diante de uma encruzilhada, lembre-se do menino e preste atenção para não ser seduzido, pelo corpo, por um caminho curto. lembre-se de que a paz está primeiro com quem vem de longe."


nilton bonder em "a alma imoral".

mais "aspas" aqui.

28.4.10

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"Sempre fomos livres nas profundezas
de nosso coração, totalmente livres,
homens e mulheres.
Fomos escravos do mundo externo,
mas homens e mulheres livres em nossa alma e espíritos."

.............................................Maharal de Praga (1525 -1609)


outras aspas aqui.
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3.4.10

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o longo caminho curto x o curto caminho longo


"a coragem está em ouvir o menino das encruzilhadas. ele, com certeza, alerta para ambas as possibilidades. este menino das encruzilhadas é a alma. não se assuste com as parábolas que falam de demônios dissimulados nas encruzilhadas. os demônios das encruzilhadas querem sempre apontar os caminhos mais 'curtos'."

de nilton bonder no livro 'a alma imoral'.
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1.2.10

entre aspas


"A percepção consciente do tempo cinde a unidade lateral do desejo.(...) Desfrutar ou abster-se? Aquele que deseja mas não age (ou retarda a ação), distancia-se de si mesmo: pondera, calcula, compara e elege um amanhã".

Eduardo Gianneti, no livro O valor do amanhã, que eu recomendo vivamente.

3.1.09

Endêmica

"Não aguento muito tempo um sentimento porque passo a ter angústia e meu pensamento fica ocupado com o sentimento e eu me desvencilho dele de qualquer jeito para ganhar de novo minha liberdade de espírito. Sou livre para sentir. Quero ser livre para raciocinar."


Clarice Lispector em " Um sopro de vida".

21.10.08

a propósito de bolsas, bolhas e crises...

"O mesmo sistema ideológico que justifica o processo de globalização, ajudando a considerá-lo o único caminho histórico, acaba, também, por impor uma certa visão da crise e a aceitação dos remédios sugeridos. Em virtude disso, todos os países, lugares e pessoas passam a se comportar, isto é, a organizar sua ação, como se tal " crise" fosse a mesma para todos e como se a receita para afastá-la devesse ser geralmente a mesma. Na verdade, porém, a única crise que os responsáveis desejam afastar é a crise financeira e não qualquer outra. Aí está, na verdade, uma causa para mais aprofundamento da crise real - econômica, social, política, moral - que caracteriza o nosso tempo".

Milton Santos em "Por uma outra Globalização"