11.2.11

minoria, sim. excluídos, não!

sim, sim, sim. também há homens na classe de pós-graduação em comunicação e gênero do instituto internacional de periodismo josé martí, na cidade de havana, em cuba. mas são apenas cinco os "machos" ou "varones", como se diz por aqui. o guatemalteca carlos martinez é um deles e garante que não se oprime com sua condição "minoritária" na classe. "me considero um feminista da diferença. defendo mais ações afirmativas para as mulheres e, sobretudo, considero que debater temas de gênero sem envolver os homens é o mesmo que profetizar no deserto".

a salvadorenha vilma vaquerano concorda com carlos e avalia que a integração entre homens e mulheres favorece também o intercâmbio de visões de gênero. "em termos numéricos, a pouca participação deles reflete a realidade dos temas de gênero. no entanto, penso que no âmbito qualitativo, a presença dos homens engrandece o curso". do sua parte, carlos garante que está super à vontade na turma. "sinto-me integrado, inclusive algumas vezes me auto-denomino no feminino", sustenta.

numa perspectiva bem distinta está o cientista político jaime hernández amín, que veio da colômbia disposto a transformar sua visão sobre as questões de gênero. "no lugar onde eu vivo, as mulheres, em geral, esperam sempre que o homem abra a porta do carro ou pague a conta do restaurante e do cinema", simplifica jaime. o estudante conta que começou a mudar sua mentalidade sobre esse tipo de situação ao viajar por outros países e conhecer novas culturas.

"me dei conta de que sou machista e creio que para ter uma visão diferente eu tenho
que conhecer o que é esse diferente. não sou feminista e não sou comunicador, ou seja, sou minoria absoluta neste curso. estou o tempo todo me confrontando com meus preconceitos e há muitas coisas com as quais não concordo. no entanto, me sinto bem na turma e creio que estou aprendendo mais do que todos. estou aqui mais para escutar do que para falar".

vale dizer que o "masculino" é um dos assuntos centrais de estudo do curso, que dedicará programação exclusivamente para aprofundar o tema. afinal, a distinção entre feminino e masculino resulta de formulações sociais e construções subjetivas que oprimem tanto às mulheres quanto aos homens - que são também submetidos ao cumprimento de papeis sociais castradores de características genuínas de cada indivíduo.

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