12.9.11

amor em paz

o teu abraço é um portal: um tapetinho de sisal,
mudo sob a rede branca. e as almofadas azuis
colorem quentes - sutis - meus sonhos mais infantis
por trás dos belzebus.

tua quentura não queima: abranda o fogo e teima
em me fazer mil doações. dou-te meu corpo, quem dera. dou-te até a alma, pudera: tu és em mim uma esfera de tantas loucas espirais.

ai, meus vendavais! 
que atravessam teu corpo,
te maltrapilham e por pouco 
não varrem toda tua paz.

e o quase torto que resta confunde-se por nossas
frestas abertas em carnavais do passado.

são medos escorraçados de um tempo turvo, virado,
em que o amor não tinha nada, nadinha demais. tudo
então era carteado: um lance e outro dobrado, um jogo de quem dá mais.

e agora esta quentura, esta paixão inflamada pelas
manhãs nunca iguais: o sol na tua brancura reflete a nudez do meu corpo, inda semiacordado, tinge as janelas, vitrais.

então te beijo e bom-dia. caminho zonza até a pia,
preparo o café que te apraz. se a gente é verdadeiro
e nossa morada é completa, só peço à sabedoria que
venha de bicicleta aportar no nosso cais.

2 comentarios:

Mary_Flor dijo...

Olá Fernanda!
Adorei teu blog e principalmente como escreves.
Um beijão grande. Bom final de semana!=)

Sonhos de Orieta dijo...

Muito suave, gostoso e lindo esse poema. Dilíça de amor!

Muuuuuuito fã!

Bj!