me convide para atividades cotidianas
como fazer e servir jantar,
beber vinho e lavar a louça.
não estou interessada em sofisticação.
nada que não seja natural me atrai.
estou disposta a caminhar por aí,
conversando sobre as coisas simples
que edificam a vida.
a vida feito um barraco de papelão,
repleto de recordações.
quero saber de medos, anseios,
contas atrasadas e flores do mato.
nada de rosas embrulhadas
ou mimos que não venham das mãos.
desejo as mãos, elas próprias.
com toda suavidade e ansiedade que carregam
nos dedos. desejo os dedos
nos cabelos, na nuca, por dentro.
desejo por dentro:
esta coisa de ser quem se é.
nada de taquicardia futura.
zero vida para depois.
apenas dias ordinários.
sem matizes que desperdiçam sonhos
nem delírios da abstração.
somente coisas mundanas,
brutas, corriqueiras
e imperfeitas.
4 comentarios:
precisava dessa pra fechar a terça.
a porta estará aberta
ao que torna verde
os dias
ao que tem cheiro de mato
molhado
seguirei descalça
nua
descabelada
de mãos dadas
com as sementes e os baús
conte-me tudo
ao pé do ouvido
sem titubear
quero saracotear a vida
como a um mergulhador
que descobre os segredos
da escuridão
e nela acender uma vela
quero suas mãos que me são claras
e nelas percorrer as linhas
em troca ofereço meus dedos
longos
e cravados
tudo agora
tudo instante
na multiplicação dos segundos
um riso nunca é a toa
assim como um balão
nunca voa em vão
Após alguns problemas técnicos com o Estrangeira antigo, estou construindo outro blog. Me siga! Logo vou postar mais textos. Beijo!
http://estrangeiragabriela.blogspot.com/
Nanda,
Esse poema é lindo e forte e amoroso...
Gratidão por compartilhá-lo!
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